When You Feel So Stupid*

(Lyric)

When you feel so stupid

but can’t help feeling

things twisting inside your body

no, this is not your heart

you know she isn’t yours

and nobody will ever be

so just don’t feed your pride.

When you feel so stupid

praying for the time

to take care of you

take away all your sorrows

take away all your memories

even if that was not only a kiss

find a way to rest when you find no peace.

When you have that touch

the very same one that blows you away

the very same one everybody wants

don’t feel so stupid, don’t be so vain

close your eyes,  if you have to, as you cannot cry

keep on praying for the time

kisses may be the season, but they will never stop the pain.

Tentando*

Lembro de ver uma árvore

que pensei estar morta

renascer com a época das chuvas;

lembro de ver um grupo de borboletas

passar por mim e dobrar a esquina.

O esquecimento é um serviço do Tempo

que destrói todas as coisas.

Minha luta é tentar lembrar

lembrar de hoje

das pequenas coisas

dos pequenos momentos

cenas, pensamentos

para quando um dia a morte vier

ter o que apagar.

Finados*

Um dia de festa para os vivos

de não esquecer de lembrar

de andar por entre a cidade dos túmulos

encontrar crianças na floresta da infância

renovar os laços mais importantes

antes que tudo se finde

antes que sejamos os mortos

e não mais respiremos a luz da tarde

o brilho amarelo do sol

aquele sorriso tão desejado

- fotografia em sépia, guardada no ar.

Esta vida que não cessa, até acabar

se esconde na dança que o vento faz

por entre longos fios de cabelo

no brilho negro dos olhos

movimentando-se com volúpia

em lábios que não querem palavras

querem apenas, como a natureza

a se perpetuar em passos que não temem

a surpresa, o acaso, a paixão que não teme o fim.

Uma Noite*

Uma noite para aprender

taças ao longo do dia

e uma única luz a se acender

repetidas vezes

este mal há de ser

mas este lugar para ir

cá estou, e hei de ficar

a perecer, talvez

certamente

tão certamente

quanto esperar

este mal há de ser

mas ninguém vai saber

quando a hora chegar

isto importa tão pouco

mas este pouco

quando é tudo o que existe

há de florescer

nesta roxa flor perene

e devidamente triste.

Voltar a Dançar*

(Lyric)

Vou voltar a dançar

se não foi ruim o que eu vivi

hoje há a lua e o sol

sorrisos para mim

se não vou esquecer

ao ver o mundo girar

se não vou escrever

vou voltar a dançar

ser esta parte de mim

ser este corpo a mover

olhos fechados de prazer

o que está distante vai passar

lágrimas, sim

mas vou voltar a dançar

veja meus ombros, minhas mãos

abertas a ninguém

pois eu só quero dançar

ver a noite, sem me preocupar

aquele tempo há de ficar

aonde, eu não sei

mas hoje eu só quero dançar

aqueles gestos desprender

outra vez, sem ter onde pousar

me veja dançar

suspire se te faz lembrar

quando você me viu dançar

hoje sou eu, apenas a dançar

Andorinha*

Toc, toc

dona andorinha

você tá aí?

Andorinha

dona dorinha-á

ô dona dorinha...

Cê tá-í

dona doninha?

ela não tá

vamos se embora.

Dona doninha...

Fênix, Mas Não*

Ser como uma fênix

buscando forças aonde não há

penso em minhas fraquezas

são tantas

mas o imperativo é recomeçar

sobreviver

das migalhas que sobram da vida

e das pessoas que insistem

em nos fazer seguir

mas eis o que sei

o importante é não acreditar

que a vida pode ser mais

do que uma sucessão de tentativas

fadadas ao sorriso inevitável

do fim.

E pensar

que há tanto acaso por vir

tanto o que não esperar

sendo que há sempre a chance

eminente

de sucumbir

aqueles que passaram

ainda estão lá?

mas o que ainda somos

senão provavelmente o fracasso

do bem que nunca

viremos a ser?

O vazio é um oco

ao redor de tudo.

Chegue*

(Repost 08.07.08)

Não vá, não vá

Chega de partir

Chega de chorar

Não há aonde chegar

O seu lugar é aqui

Chegue, não vá

Juntos temos lar

Uma vida simples e devagar

Me beija devagar

Sem ter que partir

Outro lugar pra ir

A gente quer viver em casa

A gente quer viver junto

(Lyric)

Faz Parar*

(Repost 29.03.06)

Faz parar, faz parar

A fome que sinto

Faz parar, faz parar

Esse meu enfado

Traz agora, pra cantar

Num banquete, toda gente

Pega o copo, torna o vinho

Até cair de bem contente!

Faz parar, faz parar

A fome que sinto

Faz parar, faz parar

Esse meu enfado

Leva embora, pra bem longe

A mágoa que alimenta

Que esse corpo, aqui quietinho

Quer dançar com toda gente!

(Lyric)

Por Favor*

(Repost 17.03.06)

Nessa vida, não vou pra frente nem pra trás

Vou pro lado, ao meu lado

Sem sair de mim, com você

Dentro do meu peito, que não bate

Não mais, não mais o amor

Por favor, deixa eu quieto

Aqui zangado, que não faço mal

Sinto sono, muito sono

E as vontades de um santo

Choro um pranto muito brando

Como quem espera o fim chegar

Tomei o impossível por eterno

Tomei um tombo sem remédio

E o mundo gira, indiferente

E gira o mundo, indiferente

Não mais, não mais o amor

Por favor, deixa eu quieto

Aqui zangado, que não faço mal

(Lyric)

O Pássaro*

Encaro este pássaro morto

atropelado sob os meus pés.

Não sei se imagino,

alucinado pela dor e pelo frio,

o resquício de uma luz acesa

no interior de seus olhos pretos.

O céu almejado é sempre uma ironia

pois em um momento se está a voar no azul

para de repente beijar o chão.

A vida tem um enorme prazer

nessa aparente tragédia

- apenas aparente.

O céu é uma inversão

por onde se caminha todas as manhãs

distraidamente

até que se descubra um dia:

nossas asas não nos levam a lugar algum.

Ipê Amarelo*

(Repost 17.10.06)

Falar do ipê

É falar do amarelo

É rir do porquê

Tão singelo

Tão verde azul - amarelo

Falar do quê?

Falar de flor

Sem saber

Se é verde azul ou amarelo

É rir do porquê

É falar e falar

Desse buquê - verde azul-

De ipê amarelo

(Lyric)

Ego, Hic et Nunc*

(Repost 02.04.07)

Há quem viaje o mundo inteiro dentro do seu próprio quarto

Eu, não

Estou sempre em alguns poucos lugares.

Contam-me sobre eventos místicos, mágicos, fantásticos, milagrosos,

[coisas sobrenaturais, misteriosas...

Comigo, nada disso.

Se atravesso a rua, chego ao outro lado

Se caio, me machuco

Se acordo, trabalho.

Provo dos mesmos sentimentos possíveis

E sou tão importante quanto os grandes feitos

[das grandes civilizações – extintas.

Quando muito, o espetáculo é rizível

(Como os que almejam existir, fazer a diferença).

Pertenço à realidade bruta

Tenho apenas cinco sentidos

Para enfrentar o tédio,

A preguiça é minha única vantagem.

O Jardim *

(Repost 25.04.06)

Ei, borboleta enxerida
O que faz aqui em meu jardim?
Acaso não vê que ainda não está pronto?
Que cultivo a terra duramente castigada
Pra ver nascer com muito esforço
Qualquer sorte de vida existente numa flor?

Peço-te pra entender, querida borboleta
Não vá dizer a sua mãe
Que contrario a natureza
E maltrato um tão leve ser

Ei, pobre jardineiro
Por que cuida o seu jardim?
Acaso não sabe que a flor ainda é flor
Mesmo sem desabrochar?
Sigo as leis do invisível
Vou aonde devo estar

Peço-te pra entender, querido jardineiro
Não me queira pra sempre num casulo
Fui feita pra voar, causar até um furacão
Seguir o sol, a lua e bela ser

O jardim, o jardineiro
O jardim, a borboleta
A flor, o jardim
A borboleta e o jardineiro

(Lyric)

Thames*

By the river,

walking on the bridge:

hidden was a snake

waiting to surprise

- hands touching!
things happening

all so suddenly,

but no need to worry

nobody’s bitten anyway.

No more chance, word or sight

ever in this journey, honey

- so pleasantly distracted

just waving on the blues

in a single afternoon…

Then just a coffee and goodbye,

a bit chilly for a sun break

- oh, such inconstant weather!

warm and beautiful though

for Eros was playing at the square.

Young and Wise*

(Lyric)

Remember when we were young and wise

The bedroom windows opened

For the quiet neighborhood outside

At night the moon shining

And our thoughts flying so high

There were so many of us

So many glasses, faces and talks

In the afternoons

The warm or slow ones

Meaning everything

Wasn’t it supposed to last

We only had to learn

Remember when we were young and wise

The bedroom windows opened

For the quiet neighborhood outside

At night the moon shining

And our thoughts flying so high

Flowers, ocean, places

The experience of being together

Or lying in the bed alone

All blue beautiful sadness

Yellow smiling greens

Crying for the hidden love

Of bodies partying in a kiss

Now I’m old and I don’t know

It might have been the wine

All the things we used to know

If they just don’t apply anymore

There’s no time and no past

Some theories were put aside

Now those days were left behind

Remember when we were young and wise

The bedroom windows opened

For the quiet neighborhood outside

At night the moon shining

And our thoughts flying so high

Praia dos Sonhos*

Nos conhecemos

e juntos

deixamos de ir à escola.

Por coincidência

estávamos prontos

tínhamos a roupa certa

conversamos

tomamos banho de sol

e assistimos corpos dourados

deslizando sobre as ondas.

Mas desta praia

apenas a areia existiu

foi tudo o que na verdade vi.

A vigília do dia seguinte

me aguardava de olhos arregalados

prontos para punir.

Como se isso importasse

a Saturno

pois não há estrondo

nem milhões de anos lentos

a separar continentes

que o faça não pensar:

“whatever”.

O Cabide e as Ruas*

Por entre a porta do quarto

vejo as roupas penduradas no cabide

- vou pendurando palavras.

A uma ruma de ruas dali

o passarinho se banha na areia.

Meus olhos seguem pela avenida

desço debaixo do sol, alguns passos à frente

aceno para um hoje desconhecido

- desculpe, não posso parar.

E agora me ocorre

que neste ritmo está o sentido.

Real Life*

(Lyric)

Everyday

I’ve gotta convince myself

I’m gonna make it

That I’m gonna watch the clock

And not be afraid of it.

Everyday

Before I sleep

I’ve gotta believe

I’m not gonna get killed

By some hideous creature

In my dream.

I’ve gotta know this life is real.

Everyday

When I wake up

I see the perfect order of things

About to collapse.

I’ve gotta try to remember this life is real.

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