sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Losing Life*

You live a story
then you die
every time it ends
you live
then you feel like losing life
and this is living
lose life
like you once knew
even knowing
it was and is always
supposed to be like this
no matter if you were born
or chose to be like this
that’s the way it is
that’s the way it is...

domingo, 1 de setembro de 2013

Cabra Homem*

(Repost 16.05.08)

Dizem os especialistas em linguagem que o homem não seria possível sem que se comunicasse e significasse através da magnífica e simples complexidade de uma língua; o que permite atribuir ao esplêndido homus erectus a nobre qualidade de humano, este capaz de alcançar elevadíssimos sentimentos e realizar importantíssimos empreendimentos.

Uma das características que tornam possíveis tais singulares e fabulosos feitos, segundo os especialistas, é a maneira como a linguagem se estrutura, valendo-se de duas articulações fundamentais: a de distinguir uma partícula sonora de outras, como um "p" de um "b", por exemplo, e agregá-las a outras de forma a constituir um significado, "pobre"; e uma segunda que articula a diversidade de significações possíveis a formas restritas, como o infinitivo de um verbo "-ar", que ao mesmo tempo pode ser o "ar", da palavra que respiramos.

Pois eu estaria discordando dessa incrível e supostamente única qualidade, que distingue o homem do animal, o qual tem sua linguagem limitada a pouquíssimos elementos, como "alimento, cópula, localização"; uma abelhinha não pode com seus zunidos dizer a seu parceiro que o ama, ou que as flores daquela tarde de primavera a fizeram lembrar do sabor de um mel colhido há tempos atrás – triste condição de inseto, pensarão os de bom coração – como não poder amar e lembrar?

Mas, afinal, o que tem o homem de tão diverso, necessário e sublime para significar? Por mais que me esforce para ouvir, expressar, conhecer, não consigo encontrar mais do que um vasto – sem dúvida –, mas numerável repertório de palavras e modos de falar para uma meia dúzia de conceitos que vão sendo atualizados e contextualizados ao longo do tempo e do espaço. Tenho mesmo a audácia de dizer – mas não sem algum respaldo de preguiçosamente ter tido contato com algumas reflexões, modernas ou antiquíssimas, do oriente ao ocidente, sobre o que e como é ser esse ente formidável, humano –, que toda discussão mais profunda, e o sentimento mais visceral, podem ser reduzidos, sintetizados, em alguns poucos e grandes conceitos, orientados de acordo com algum ponto de vista: amor-vontade-desejo, morte-impermanência-religião, et coetera...

Por isso acho tão encantadora a conversa das cabras que pastam no terreno atrás de onde moro. Não estarão elas a dizer e considerar as mesmas coisas que nós? Em linguagem de cabra, devem estar a questionar: "Paixão é novidade antiga?", no que eu consinto: "É..."; "Ali tem mais capim", "É..."; "Aquele bode com um chifre só, esquerdo, é o diabo", "É..."; "A Grande Cabra há de nos guiar e salvar!", "É..."; "Ó, como amo, para todo o sempre, a mais bela e alva das cabritas!", "É..."

Muito provavelmente é também devido a toda essa cabritagem que acabo de especular que costumo pouco me espantar com a variedade do gênero dos homens, vindos das mais distantes e inusitadas culturas do globo, que vêm me contar seus causos e histórias, assuntos urgentes, de sujeitos satisfeitos e possuidores de uma alma que os tornam todos muito especiais.


"É..."