quarta-feira, 27 de março de 2013

Pernilongo*

(Repost 17.08.07)

É com alguma graça que admito ser carente e implicante. Tenho o direito humanitário de me contradizer ao precisar de outra pessoa mesmo desejando não precisar. E faço isso sendo o mais implicante possível: reclamo de tudo; vejo coisas erradas nas coisas mais simples; acho feio o que acham bonito; rio com sarcasmo do sofrimento alheio; resmungo minhas dores nos ouvidos ocupados; dou chiliques histéricos quando não concordo; esperneio se não tenho; suspiro caras de tédio...

Em suma, sou inconveniente ao extremo, assim como um pernilongo, carente por qualquer resquício de um sangue cálido que não lhe pertence, azucrinando com sua terrível e incansável lamúria o sono que é tranquilo.