sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Finados*

Um dia de festa para os vivos
de não esquecer de lembrar
de andar por entre a cidade dos túmulos
encontrar crianças na floresta da infância
renovar os laços mais importantes
antes que tudo se finde
antes que sejamos os mortos
e não mais respiremos a luz da tarde
o brilho amarelo do sol
aquele sorriso tão desejado
- fotografia em sépia, guardada no ar.

Esta vida que não cessa, até acabar
se esconde na dança que o vento faz
por entre longos fios de cabelo
no brilho negro dos olhos
movimentando-se com volúpia
em lábios que não querem palavras
querem apenas, como a natureza
a se perpetuar em passos que não temem
a surpresa, o acaso, a paixão que não teme o fim.

3 comentários:

  1. Bruno,

    Espero que você esteja bem... Gostei muito deste texto. Na verdade, a temática envolvendo a reflexão acerca da morte e de nossa finitude sempre me parece bastante adequada. Acredito que ela possui o poder de dar significado e beleza às nossas vidas. Tocou-me especialmente o trecho onde você diz que os lábios querem apenas, no sentido de ser, de VIVER, além de toda a conceituação, não interpondo idéias e ideologias à frente da experiência. Algo meio Alberto Caeiro e místico. Senti vontade de sair por aí e dançar em meio à VIDA com minha alma em chamas.

    Um abraço,

    Adriano.

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  2. Obrigado, Adriano. Estes são sim temas recorrentes para mim, que também penso serem muito válidos. Por trás dos 'lábios que apenas querem', esta a Vontade, e por trás dela, Schopenhauer, rsss... Abraço!

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  3. Gostei do poema e dos comentários.
    Essa vontade de sacar os mistérios da vida pela percepção no cotidiano, viver o encanto da vida com alegria e entrega são coisas bonitas de praticar. O mundo é muito Vontade, sim.
    Sugiro poemas interessantes de celebração à vida e seus encantos místicos: Jalal ud-Din Rumi, um camarada persa.
    Grande Abraço.

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