domingo, 25 de novembro de 2012

Tentando*

Lembro de ver uma árvore
que pensei estar morta
renascer com a época das chuvas;
lembro de ver um grupo de borboletas
passar por mim e dobrar a esquina.

O esquecimento é um serviço do Tempo
que destrói todas as coisas.

Minha luta é tentar lembrar
lembrar de hoje
das pequenas coisas
dos pequenos momentos
cenas, pensamentos
para quando um dia a morte vier
ter o que apagar.

2 comentários:

  1. Olás. Voltei para mais um comentário.
    Em algum momento de minha vida (que não me lembro quando foi!) percebi que eu esquecia as coisas bacanas e cotidianas que vivi. Mas essa percepção foi meio que intuitiva: queria me lembrar de passagens da vida por meio da lembrança das sensações e não dos fatos em si. Depois de achar que eu estava muito louco eu saquei que não me lembrava porque pouco exercitava o "estar presente, aqui e agora". Sabe essas pessoas que falam de seu passado com clareza? Pois é, eu também quero poder fazer isso, mas terei que seguir no exercício e esforço citado por você, que é um grande desafio. Tem algo de religioso nesse apelo para nós mesmo.
    Curti, mesmo não tendo certeza de ter captado toda a mensagem.
    Grande poema.
    Parabéns.

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  2. Fred! Que bom tê-los por aqui novamente! Meus textos sempre foram muito devedores dos comentários feitos por vocês...

    Também acho que haja algo de religioso neste vão esforço de querer/precisar lembrar; no meu caso, é uma espécie de reconhecimento/aceitação da grandeza da ação do Tempo, este que em forma de entidade (Kronos, pai de Zeus? rss), ocupa para mim o topo na hierarquia de uma forma mais 'mitológica' de compreensão das coisas...

    Um abraço, meu querido!

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