terça-feira, 7 de julho de 2009

Banho Quente*

Um belo banho quente, era tudo o que precisava. Quem sabe depois não teria recobrado suas forças o suficiente para sair com o pessoal.

E assim foi. Mas enquanto esteve em seu apartamento - pequeno, mas bem aparelhado, conseguido a duras penas - não lhe faltou tempo para se admirar. Sua vida era exatamente como imaginava que seria quando ainda estava na faculdade.

Tomou seu relaxante banho quente, arrumou-se com suas melhores roupas e saiu. Divertiu-se horrores naquela noite. E no resto do fim de semana ainda encontrou tempo para pôr em ordem o que precisaria fazer durante a semana.

E então, de novo a segunda, o trabalho, o trânsito, a correria - mas nada que com sua energia e vocação não fosse conseguir se sair bem, pois naquele momento só havia uma coisa capaz de lhe causar um verdadeiro incômodo: a mania de piscar viciosamente o olho esquerdo quando não conseguia controlar muito bem seu nervosismo. Cada vez mais frequentemente vinha apresentando esse tique. No entanto, resolveu não dar muita atenção; seria, provavelmente, apenas o resultado de um estresse passageiro - que logo se juntou a uma preocupação e ansiedade constantes.

Um banho quente, era tudo o que precisava. A hipótese de mudar seu estilo de vida e de alguma maneira se distanciar do que havia planejado para si era impensável. Tornou-se uma pessoa explosiva. Irritava-se por qualquer coisa. Suas relações baseavam-se em pequenas, ou grandes, agressões, o que não impediu que conhecesse alguém e com esse alguém se casasse. Teve filhos - e a explosão continuou, causando pequenos, ou grandes, ferimentos em todos aqueles que se aproximavam.

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