sábado, 19 de dezembro de 2009

A Morte da Bezerra*

Cá estou eu, mais uma vez, pensando na morte da bezerra. Lembro-me de ser criança, estar distraído, com o olhar perdido em algum vazio, e me perguntarem "o que foi, tá pensando na morte da bezerra?"

Hoje em dia, se me perguntassem "o que é filosofia?", eu responderia, "é a morte da bezerra." "O que é melancolia? É a morte da bezerra."

Seria também o caso de aproveitar o ensejo para investigar as explicações sócioculturais, históricas, deste patrimônio mitológico brasileiro, mas para que todo este trabalho, se afinal agora é tarde e a bezerra já está morta, melhor mesmo é deixar a coitada quieta.

Fiquemos nós com a dúvida, sem saber da onde vem essa expressão tão enigmática e familiar. Será um símbolo ancestral do vazio universal? Um estado de alfa involuntário? Stand by do cérebro? Simples distração?  Vai saber. Continuemos carregando este cadáver amigo, companheiro, que, ao longo da vida, apodrece serenamente em nossa consciência.

Mas caso o leitor nunca tenha pensado na morte da bezerra, não há com que se preocupar, este animal morto não irá mudar nada em sua vida, não trará mais sorte nem fortuna, pois não passa de mais um folclore inútil, coisa de quem escreve, de quem não tem mais nada pra fazer.

Coisa de quem vai chegar na velhice e dizer, satisfeito: "Passei a vida inteira pensando na morte da bezerra."

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2 comentários:

  1. Adorei a comparação da filosofia com a morte da bezerra =)
    Se for assim, quero pensar nela todos os dias.

    E todo texto está excelente,o pensamento sobre uma expressão tão conhecida que resultou em um bom texto

    :*

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  2. Olá, Querido Bruno!

    Acho que você não sabia, mas eu sou a morte da bezerra (rs).

    Passando para lhe desejar alegrias, equilíbrio, paz e amor infinito.

    Grande Abraço!

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