sábado, 20 de julho de 2013

A Caça do Polvo*

(Repost 11.02.08) 

O correto seria dizer "porvo"; ou "poivo". Pois este se escondia debaixo dos parrachos, que são um tipo de formação de recifes.

Um com pedra, outro com ponta de ferro e mais dois caçoando, os pescadores tentavam em vão encontrar o bicho para juntá-lo a seu amigo, que jazia morto em uma lança. Desistiram do astuto, mas continuaram a busca.

Confesso que dos seres que habitam o mar, o polvo desperta-me pouco afeto. Por outro lado, seria eu capaz de tecer uma verdadeira ode ao magnífico camarão. Não obstante minha empatia para com o pobre molusco, resolvi seguir o grupo, de perto, quase longe; contente por participar, ainda que indiretamente, deste evento tão natural, e para mim, tão belo quanto inusitado. E enquanto o fazia, nutria comigo o sonho de avistar um polvo; imaginava a glória de indicá-lo aos pescadores e assim ser promovido à posição de ajudante de caçador de polvo, ao invés de reles observador. O que não aconteceu.

Espectadores que assistiam à passagem da caravana declararam que polvo fica uma delícia com arroz e brócolis; porém, nesse dia, os polvos pareciam não conformar-se com tal destino e permaneceram bem escondidos nos parrachos.

Algum tempo depois, parte do grupo desistiu, parte insistiu um pouco mais na peleja – acredito que sem sucesso.

Abandonei a expedição e prossegui minha caminhada ao sabor de uma brisa, contente com a breve aventura e com planos de investir em outras do gênero.


Almocei camarão.

4 comentários:

  1. Bela postagem amigo, muito bem escrita, estou vendo que você nunca, mas nunca mesmo " No be Quiet", rsrs..

    Abraço, me deu vontade de comer camarão!

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