domingo, 29 de julho de 2012

Paredes Brancas*


São quase onze horas, ela está atrasada.
Na sacada, de costas para o apartamento,
ele se reclina sobre o peitoril
e sorve o último gole de vinho.

Ao virar-se para dentro, dá-se conta
das paredes brancas fechadas
em um enorme e espaçoso retângulo;
além do sofá, a pequena mesa de vidro
no meio da sala sustenta um cinzeiro.

Em um dos cantos, à esquerda
está a estátua de gesso que traz consigo,
símbolo de outros tempos.

As luzes da noite, do céu estrelado,
de outros apartamentos e de sua sala
refletem um vazio tão absoluto
quanto o branco.

Com a taça de vinho em suas mãos,
as lágrimas presas em seus olhos
não são pelo gesso quebrado no chão
tampouco por qualquer espera.

É apenas a sala
de um apartamento quase vazio.
.

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