sexta-feira, 17 de abril de 2009

Perdendo o Sentido*

As palavras perdem o sentido e ninguém se importa.
São esquecidas aos poucos
Até desaparecer da nossa boca.

As pessoas perdem o sentido e lamentamos.
São esquecidas aos poucos
Até desaparecer da nossa vida.

Procura-se triste, desesperado
A pessoa que só existe no passado
- Era o único sentido.

Agora não tem palavra
Não tem descanso
Se esconde junto aos significados incompreensíveis.

A palavra morta, que não deixou de existir
Guarda ainda um significado
Saudade, ou amor empoeirado?


3 comentários:

  1. Bité,

    Gostei do poema. Bastante reflexivo. Sei que minha interpretação não é única e é limitada, mas, suas palavras me levaram a pensar exatamente sobre a busca de um sentido para nossas vidas. O poemas denota certa angústia, saudade ou inquietação na busca de um sentido ou significado. A primeira reflexão que faço é que se o indivídiuo considera que não existe um sentido último nas coisas ou que tudo é relativo, este tipo de sentimento não deveria habitar seu coração. Mas, mesmo as pessoas que advogam esta idéia, de maneira geral, não possuem a serenidade que este tipo de raciocínio supostamente lhe daria. Talvez porque o ser humano não está ontologicamente preparado para viver deste modo. Talvez seja esta uma evidência de que existe um sentido para tudo e que haja uma Verdade Absoluta sobre as coisas... Talvez... É o que penso.

    Abração.

    Adriano.

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  2. Amigo,

    Gosto deste tom. Dessas cores.

    Me fez lembrar uma canção do disco solo em inglês do Renato Russo, trecho final da música Old Friend:

    "How love is rare, life is strange
    Nothing lasts, people change"

    E saudade é a vontade tocar o que não está por perto; ou não mais ao alcance dos dedos.

    Abraço!

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  3. Opa,

    Acabei de ler o livro A Ignorância, de Milan Kundera, e devo deixar a indicação dessa leitura para aqueles que eventualmente se interessem mais pelo tema do processo nostálgico do qual se ocupam esses meus breves versos.
    O autor é primoroso em nos apresentar esse processo com muita força e nitidez, capaz de imprimirem à experiência dos personagens uma incrível objetividade psicológica.

    Para quem o passado tem bastante importância, vale à pena.


    Away.

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