(Repost 18.05.08)
Em
um jornal da manhã passava uma matéria sobre o trânsito de São Paulo – imagens
aéreas, o mar de edifícios, frio, céu fechado. Senti tanta saudade. Sim, é
absurdo ter afeto por uma coisa dessas, que só atrapalha a vida do cidadão
citadino. Mas a distância permitiu a mim, cidadão longínquo, que sentisse um
verdadeiro afeto pelo tráfego mais do que intenso daquelas ruas e lugares pelos
quais um dia já estive eu, fatigado e triste por estar preso em
congestionamentos, de pé, no ônibus, com outras centenas de pessoas me fazendo
uma desconfortável companhia, ou assistindo pela janela – sempre sonolento – a
correria do mundo lá fora, cinza e nublado, como muitas vezes estava o tempo do
sujeito que olhava cansado do outro lado da janela.
Eu
tomava café enquanto assistia ao programa, e sorria - aqueles lugares.
Café
foi um gosto que aprendi com minha vó, mas que cultivei com empenho e seriedade
em São Paulo. De manhã, no intervalo do almoço, de noite, para aguentar o
trabalho e as aulas da faculdade; com chocolate ou cigarro. Bebida amável, e
necessária.
Mas,
além do café, o paulista também precisa de outras coisas. Pizza, por exemplo.
Refeição do cotidiano, bem ajustada à cidade. Ruas. No meio de tão enormes
proporções, falar de ruas, localizar-se, também faz parte da cultura de um
paulistano. Torna-se um hábito, uma linguagem: subir a Teodoro, que é paralela
com a Cardeal – a Capote e Oscar Freire cruzam a Cardeal –, passando pelas
Clínicas, Dr. Arnaldo, (saudoso bairro de Pinheiros; bairro no qual desejei
morar quando fosse adulto) chegando na Paulista – avenida cheia de vida,
atarefada, muitos eventos –, ou seguindo pela Consolação, a Sé – imponente. São
tantos caminhos... E trânsitos. A Marginal, Rebouças, Vergueiro, Francisco
Morato, não faltam via crucis, das
quais me lembro com essa saudade de um caiçara, emigrante litorâneo, que
durante algum tempo foi acolhido com a violenta generosidade da tumultuada e apaixonante
capital.
Lendo esse seu repost lembrei de coisas mais antigas. A casa do lado da minha, casa da minha madrinha, a rua de areia branquinha que quando chovia fazia rios nas pedras dos cantos, o terreno em frente de casa com a pitangueira que fazia a alegria das crianças da rua, a pracinha onde todos corríamos e nos escondíamos pra "pegar rabeira" no bondinho quando recolhia...
ResponderExcluirPrima, aquela pitangueira era o suprassumo da diversão; todas as árvores que subíamos, as perigosas rabeiras, rsss.. tivemos espaço para brincar. Bonita infância oldschool.
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