Nunca
fui à Veneza. Mas acabo de receber, de uma querida e dedicada amiga, alguns
retratos desse lugar que é, sem dúvida, de uma beleza ímpar. Respondi contando
a minha breve impressão: "Os canais de Veneza me lembram labirintos que, com suas casas pequenas e rústicas, dão um certo tom melancólico ao lugar:
lindo!" Ao que acrescentei, um pouco tímido: "Já pensou ser um
gondoleiro quando crescer?"
Sei
o porquê dessa timidez: obedeci ao meu singelo impulso de dizer o quanto sou
capaz de fantasiar, mesmo fazendo questão de cultivar a realidade nem sempre
tão bela que se apresenta. E me aproveito deste momento para desfrutar um
pouco mais dessa ternura que insisto em sentir: eu, um perfeito gondoleiro,
empunhando meu remo de estimação, vestindo um fino bigode, chapéu, uma blusa
listrada de vermelho, cinto de corda, calça e sapato, ou seja, um autêntico
gondoleiro veneziano, a guiar pelos charmosos canais os inúmeros casais,
verdadeiramente apaixonados, rumo ao paraíso de amor que sonham...
Essa
imagem tem para mim alguma simbologia muito íntima, como se nessa minha vida,
tivesse eu a vocação de ser aquele discreto terceiro a navegar junto aos que
gozam da felicidade.
Ah,
Veneza, Veneza! Que humilde e sincera emoção sinto em imaginar-te!
Estamos fadados à solidão de nossos eus.
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