segunda-feira, 30 de março de 2009

Sub Specie Aeternitatis*

Sub specie aeternitatis...

Não ignorar o tempo;
Tudo dissolvido na vastidão do passado:

- Aveum! Não sou eterno.

Houve um nada e depois outro nada;
Nesse intervalo, uma intermitência.

Poeira dos séculos, esvanecida
Que não se perdeu, tranformou-se

Anitya, apenas impermanente

Em fóssil, soterrado
Memória perecida.


4 comentários:

  1. "Sub specie aeternitatis", conceito de Spinosa, em latim, "Do ponto de vista da eternidade".

    "Aveum", conceito de Schopenhauer: "Duração individual, tempo infinito".

    "Anitya", conceito do Budismo: Passagem, impermanência, devir, mudança.

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  2. Bité,

    Gostei do seu novo blog. É ótimo saber que continuas produzindo. Estes três primeiros textos são muito bons. Falam da verdadeira, humildade, dos problemas de comunicação e sobre questões relativas à (ou falta dela, em sua perspectiva) eternidade. São temas que dão muito pano para a manga. Cada pessoa que ler estes teus textos reagirá de uma forma diferente, que não necessariamente (e, muitas vezes, provavelmente) tem a ver com as idéias que povoavam sua cabeça no momento em que você escreveu este texto. Você já sabe um pouco das minhas idéias. Estes três temas, dentro do âmbito da minha visão de mundo, se interconectam. Você disse algo no texto sobre a humildade, descrevendo-a como algo parecido, muitas vezes, como uma revelação. Eu creio que seja exatamente isso. Esta verdadeira humildade virá quando, superarmos este (quase) intransponível muro de nossos condicionamentos, que geram, maus entendidos e percepções muitas vezes equivocadas de mundo. Há um método para isto. E você sabe qual é o que eu defendo. A superação da falta de comunicação nos fará vislumbrar nossos próprios aspectos eternos e os da Existência; pois, para mim eles existem.

    De qualquer forma, muto obrigado por fazer-me pensar ao ler seus textos.

    P.S. - Já que este é um novo blog, peço-lhe encarecidamente que, ao menos de vez em quando, comente os comentários das pessoas que leram seus textos. Estes podem ser inícios de boas conversações. Não precisa começar pelo meu, se não quiser... Hehehehehehe...

    Um abarço de saudade,

    Adriano.

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  3. Aeeee! Que alegria, sabia que se alguém fosse comentar meus textos - e, especificamente este, de algum peso ontológco -, seria você, Adriano. Valeu mesmo, bom tê-lo por aqui. Sei o quanto é difícil manter a comunicação hoje em dia e ainda mais quando se trata de algum diálogo que exige um pouco mais de... esforço para algum entendimento - ou, em outras palavras, para aguentar a chatice dialética.
    Bom, acho que sabemos das tendências filosóficas de cada um, e eu já imaginava que você provavelmente "defenderia" um lado mais "existencialista". Interessante: só li seu comentário no Confraternização depois de escrever esses versos e lá se fala em "permanência", em oposição ao conceito fundamental da "impermanência" de que fala meu textículo. São opiniões. De fato, pra mim, que costumo refutar as vaidosas afirmações de "Eu", e subjetivismos em geral, este é um conceito que me ajuda a respirar melhor. Acho necessária uma perspectiva menos egocêntrica e limitada ao seu próprio tempo - de conciência e vida individual - e de alguma forma mais diacrônica, que leve em conta a força destruidora e indiferente que os milhares e milhares de anos exercem sobre nosso ego tão perecível e irrisório - do qual, a alma, parece ser uma ferramenta indispensável para se livrar dessa condição -, do ponto de vista da eternidade. (Numa caricatura ousada, nossa valiosíssima vida, que em média chega aos 70/80 anos, é como a vida de um inseto, que dura apenas um dia, se comparamos nossos anos de vida e o dissolvermos na vastidão dos tempos.)
    Você sabe que gosto bastante de Schopenhauer, justamente por encontrar nele um belo desenvolvimento desse ponto de vista, como, por exemplo, é feito na "Metafísica do Amor e da Morte". E ais aqui outro fato interessante: você uma vez, em um comentário, me classificou como "impersonalista". Passei algum tempo relutando contra essa classificação, mas logo tive o prazer de admitir para mim sua procedência. Sim, meu ponto de vista é impersonalista; e ele me ajuda a dissolver boa parte do sofrimento e estupidez mesquinha que vejo; quando o experimento, de olhos fechados, profundamente, tenho inclusive uma leve sensação de paz.
    E a paz - subjetiva, eterna, impessoal -, é o que importa, não é mesmo?

    Mais uma vez, valeu mesmo, manu.

    Abração!

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  4. Que bom encontrar sintonias! Estou a tratabalhar a importância desta ideia Espinosa, na renovação dos conceitos da fenomenlogia.

    ver em http://opderdocorpo.blogspot.com

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