Celular, chave de casa, carteira;
aquele banho quente no final do dia...
- Droga, o ônibus já passou! Tsc,
esqueci de carregar a bateria.
Lembro da sensação de chegar na rodoviária,
o cheiro do bairro, o silêncio do mormaço...
Mas o cotidiano é maior
e só faz sentido o colchão para deitar;
no domingo, a tarde mal se vê pela janela
e o mês só começa quando vira,
o mês passa aos borbotões,
o ano finda, termina outra vez
- depois continua.
Em qual lugar do ônibus devo sentar?
Vou comer o quê no almoço?
A semana, a segunda,
o sapato que estragou.
Tempo, nem coragem para um alongamento.
É tão triste não ter um alumbramento...,
uma epifania, todo dia
poder respirar e fechar os olhos por dentro
- depois sorrir, levemente...
sempre pensando nas curvas que o mundo tem.
O mundo tem curvas no fim do dia,
as ruas se repetem debaixo do sol,
das nuvens, dos carros, dos lugares,
- dos mesmos lugares,
em um mesmo instante
em uma mesma noite
diferente
com muitas músicas
e um ritmo andante, às vezes repentino, inconstante,
rumo a.